O Zodíaco de Clarice: Fogo, Silêncio e Observação

Por: Julia Duque Estrada 6 de julho de 2025

Vocês devem ter notado que ao lado da imagem de Clarice não coloquei o simbolo de Escorpião, mas a (parecida) letra “M” que simboliza (a) Virgem, acima dos ícones de Aquário (ascendente) e de Sagitário (sagitariana “ao quadrado”, com Sol e Lua na energia de Fogo). Se você só vê defeitos no arquétipo mais crítico do zodíaco, jamais desconfiaria da força desta energia no Mapa de Lispector, confessa? Mas sim, ao lado de Sagitário, Aquário (e do Mercúrio em Escorpião), boa parte das “vibes” lispectorianas aterram em…Virgem! Isso porque Júpiter, regente do Sol e da Lua em Sagitário, está fincado em Virgem. E Saturno, co-regente do ascendente (e de Marte) em Aquário, e regente da Vênus capricorniana, também está em Virgem. Isso se considerarmos que ela nasceu em 10 de dezembro de 1920, na Ucrânia, no horário em que o signo de Aquário estaria ascendendo. “Sou sagitário e tenho ascendente aquarius”, observa a escritora, em “A via crucis do corpo”.

A irreverência aquariana fica clara na forma única de se conduzir na vida e na arte. Também na sensibilidade ao coletivo e no olhar à frente do seu tempo (o que seria reforçado por Urano de Casa 01, marca de excentricidade). Já o Mercúrio escorpiano se faz presente no mistério de uma comunicação de silêncios, intensa e profunda. Que capta a beleza e o terror das ambiguidades. Por sua vez, a energia sagitariana se manifesta na busca de sentido – da existência, da literatura, da linguagem. No espírito filosófico, que se indaga e se aventura. E Virgem? O signo rege a sua Casa 08 (ligada ao oculto, à sensibilidade em relação à morte e experiências-limite).

As perguntas virginianas, somadas ao detalhismo e observação, lançam luz na necessidade de buscar (se) compreender. Depurando-se e renascendo. Sendo o mais feminino dos signos, Virgem nos fala da visceralidade do corpo e de suas sensações, busca sempre presente na delicada lapidação da palavra pela escritora. No ímpeto por dar forma ao informe. Saturno e Júpiter em Virgem explicam, assim, a fé que é, a um só tempo, (des)esperança equilibrista, desejo de “ser útil”, humildade perante o Mistério. A escritora que se define “amadora” tem em si o frescor inteligente de Virgem.

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